sábado, 23 de novembro de 2013

A Biblioteca de Alexandria



A Biblioteca Real de Alexandria ou Antiga Biblioteca de Alexandria foi uma das maiores bibliotecas do mundo antigo. Ela floresceu sob o patrocínio da dinastia ptolemaica e existiu até à Idade Média, quando alegadamente foi totalmente destruída por um incêndio cujas causas são controversas.

Alexandria, às margens do Mediterrâneo, reinou quase absoluta como centro da cultura mundial no período do séc. III a.C. ao séc. IV d.C. Sua famosa Biblioteca continha praticamente todo o saber da Antiguidade, em cerca de 700 000 rolos de papiros e pergaminhos. Seu lema era “adquirir um exemplar de cada manuscrito existente na face da Terra”.

Acredita-se que a biblioteca foi fundada no início do século III a.C., concebida e aberta durante o reinado do faraó Ptolemeu I Sóter ou durante o de seu filho Ptolomeu II. Plutarco (46 d.C.–120) escreveu que, durante sua visita a Alexandria em 48 a.C., Júlio César queimou acidentalmente a biblioteca quando ele incendiou seus próprios navios para frustrar a tentativa de Achillas de limitar a sua capacidade de comunicação por via marítima. De acordo com Plutarco, o incêndio se espalhou para as docas e daí à biblioteca.

No entanto, esta versão dos acontecimentos não é confirmada na contemporaneidade. Atualmente, tem sido estabelecido que a biblioteca, ou pelo menos segmentos de sua coleção, foram destruídos em várias ocasiões, antes e após o século I a.C.

Destinada como uma comemoração, homenagem e cópia da biblioteca original, a Bibliotheca Alexandrina foi inaugurada em 2002 próximo ao local da antiga biblioteca.

Considera-se que tenha sido fundada no início do século III a.C., durante o reinado de Ptolomeu II, após seu pai ter construído o Templo das Musas (Museum). É atribuída a Demétrio de Faleros sua organização inicial. Uma nova biblioteca foi inaugurada em 2002 próximo ao sítio da antiga.

Conta-se que um dos incêndios da histórica biblioteca foi provocado por César. Em caçada a Pompeu, o seu inimigo de Triunvirato (formado por Pompeu, Crasso e ele), César deparou-se com a cidade de Alexandria, governada na época por Ptolomeu XII, irmão de Cleópatra.
Pompeu foi decapitado por um dos tutores do jovem Ptolomeu, e sua cabeça foi entregue a César juntamente com o seu anel. Diz-se que ao ver a cabeça do inimigo César pôs-se a chorar. Apaixonando-se perdidamente por Cleópatra, César conseguiu colocá-la no poder através da força. Os tutores do jovem faraó foram mortos, mas um conseguiu escapar. Temendo que o homem pudesse fugir de navio mandou incendiar todos, inclusive os seus. O incêndio alastrou-se e atingiu uma parte da famosa biblioteca.

A instituição da antiga biblioteca de Alexandria tinha como o principal objetivo preservar e divulgar a cultura nacional. Continha livros que foram levados de Atenas. Existia também matemáticos ligados à biblioteca, como por exemplo Euclides de Alexandria. Ela se tornou um grande centro de comércio e fabricação de papiros.
De facto, existiram duas grandes Bibliotecas de Alexandria. A Biblioteca Mãe e a Filha. De início a Filha era usada apenas como complemento da primeira, mas com o incêndio acidental (por Júlio César), no século I, da Biblioteca Mãe, a Filha ganhou uma nova importância. Vinham sábios de todo o mundo para Alexandria e debatiam os mais variados temas. Em 272 d.C., durante a guerra entre o imperador Aureliano e a rainha Zenóbia, a Biblioteca Filha foi provavelmente destruída, quando as legiões de Aureliano tomaram a cidade de assalto.

A lista dos grandes pensadores que frequentaram a biblioteca e o museu de Alexandria inclui nomes de grandes gênios do passado. Importantes obras sobre geometria, trigonometria e astronomia, bem como sobre idiomas, literatura e medicina, são creditados a eruditos de Alexandria. Segundo a tradição, foi ali que 72 eruditos judeus traduziram as Escrituras Hebraicas para o grego, produzindo assim a famosa Septuaginta.
Tem-se pensado, sendo esta a versão que ainda figura em muitos manuais de história, que a Biblioteca de Alexandria foi incendiada, pela primeira vez, durante a invasão de César ao Egipto em 47 d.C..

Esta teoria está hoje abandonada. Na altura em que César mandou incendiar os navios do porto, terão ardido simplesmente mercadorias, armazéns, e pacotes de livros que estavam no cais para serem transportados para Roma.

A Biblioteca e o Museu terão sido realmente incendiados, juntamente com o Bruquion, em 273 da era cristã, na época do imperador Aureliano, durante a guerra com a princesa Zenóbia. Depois deste acontecimento, a biblioteca foi reconstruída num Museu mais uma vez renovado.

Em 391 d.C., o famoso templo de Serápis (ornamentado com mármores, ouro e alabastro de primeira qualidade) que também possuía uma biblioteca, foi destruído a mando do Patriarca cristão Teófilo que dirigiu um ataque aos templos pagãos. Todo o bairro onde se situava o templo, Rhaotis, foi então incendiado.
Em 642 d.C., data em que os árabes ocuparam a cidade, não é possível dizer se a Biblioteca e o Museu ainda existiam na sua forma clássica. Pensa-se que terá sido nesta época que os livros da biblioteca terão sido destruídos. Conta-se que o Califa Omar teria ordenado ao Emir Amr Ibn Al que procedesse à destruição dos livros que não estivessem de acordo com o Corão.

Diz-se que o Omar teria justificado a destruição com estas palavras:

«Se os escritos dos Gregos concordam com as Sagradas Escrituras, não são necessários; se não concordam, são nocivos e devem ser destruídos».

Mas, também a credibilidade desta história tem sido contestada por muitos estudiosos. De qualquer modo, o magnífico recheio da Biblioteca terá acabado nos fornos que, durante três meses, aqueceram os numerosos banhos públicos da cidade. Apenas terão sido poupados os livros de Arístóteles.

O que hoje resta desta lendária biblioteca é uma cave húmida, esquecida nas ruínas do antigo Templo de Serápis e algumas prateleiras bolorentas que sobreviveram até aos nossos dias (cave que Carl Sagan, no 1º programa da série Cosmos, que vivamente recomendamos, nos permite visitar). 

A destruição da biblioteca de Alexandria é um acontecimento de consequências incalculáveis. Sepultando para sempre a esmagadora maioria das obras da Antiguidade clássica (por exemplo, das 800 peças de comédia grega apenas restam algumas obras de Plauto e Menandro), o incêndio da Biblioteca de Alexandria constitui um dos mais dramáticos acontecimentos de toda a História da cultura.


Como escreve Carl Sagan (1980: 30) “Existem lacunas na História da Humanidade que nunca poderemos vir a preencher.  Sabemos, por exemplo, que um sacerdote caldeu chamado Berossus terá escrito uma História do Mundo em três volumes, na qual descrevia os acontecimentos desde a Criação até ao Dilúvio (período que ele calculava ser de 432 mil anos, cerca de cem vezes mais do que a cronologia do Antigo Testamento!). Que segredos poderíamos desvendar se pudéssemos ler aqueles rolos de papiro? Que mistérios sobre o passado da humanidade encerrariam os volumes desta biblioteca?”

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Pedra do INGÁ - Um Enigma Milenar




A Pedra do Ingá é um monumento arqueológico, identificado como "itacoatiara", constituído por um terreno rochoso que possui inscrições rupestres esculpidas em baixo-relevo, localizado no município brasileiro de Ingá no estado da Paraíba.

A origem do termo "Itacoatiara" vem do Tupi. É uma forma aportuguesada de "Ita", que quer dizer "pedra" e "kwatia", que significa "riscada" ou "pintada", isso porque os índios Cariris, quando indagados pelos colonizadores europeus sobre o que significavam os sinais inscritos na rocha, usaram esse termo para se referir aos mesmos.

A formação rochosa em gnaisse cobre uma área de cerca de 250 m². No seu conjunto principal, um paredão vertical de 50 metros de comprimento por 3 metros de altura, e nas áreas adjacentes, há inscrições cujos significados são desconhecidos. Neste conjunto estão talhadas em baixo relevo, figuras diversas, que sugerem a representação de animais, frutas, humanos e constelações como a de Órion.

O Sítio arqueológico fica a 109 Km de João Pessoa e 38 Km de Campina Grande. O acesso ao município dá-se pela BR 230, onde há uma entrada para a PB 90, na qual após percorrer 4,5 Kms, chega-se ao núcleo urbano da cidade. Atravessando a avenida principal da cidade, percorre-se mais 5 Kms, por estrada asfaltada, até se chegar ao Sítio Arqueológico da Pedra do Ingá, onde há um prédio de apoio aos visitantes, com banheiros e instalações de um museu de História Natural, com vários fósseis e utensílios líticos, que foram encontrados na região onde hoje fica a cidade.

Utensílios líticos do Museu de História Natural do Sítio Arqueológico da Pedra do Ingá
O Sítio Arqueológico está numa área outrora privada, que foi doada ao Governo Federal brasileiro e posteriormente tombada como Monumento Nacional pelo extinto Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (atual IPHAN) a 30 de novembro de 1944.

Não se sabe como, por quem ou com que motivações foram feitas as inscrições nas pedras que compõem o conjunto rochoso. Têm sido apontadas diversas origens, e há muitos que defendem que a Pedra do Ingá tenha origem fenícia. O catedrático Pe. Inácio Rolim que viveu no século XIX, foi um dos primeiros defensores e divulgadores dessas teses, fazendo analogias entre os símbolos escritos na Pedra do Ingá e caracteres da escrita fenícia. O pesquisador austríaco Ludwig Schwennhagen, no início do século XX, percorreu várias regiões do sertão do Nordeste estudando supostos vestígios fenícios nessa região. Além de vários artigos, ele chegou a escrever o livro "História Antiga do Brasil", no qual não só associou as inscrições rupestres de Ingá aos fenícios, como também, à Escrita Demótica do Egito.

Também há uma corrente que defende que os sinais do Ingá foram obra de engenharia extraterrestre. O ufologista Cláudio Quintans sugeriu que naves alienígenas teriam pousado na região da Pedra do Ingá, o ufólogo chegou a recolher amostras do solo, onde, segundo ele, tais naves teriam pousado, mas não houve maiores conclusões acerca dessas afirmativas. Outro pesquisador, Gilvan de Brito, no livro "Viagem ao Desconhecido", afirma existir no Ingá fórmulas de produção de energia quântica e até combinações matemáticas que poderiam apontar a distância entre a Terra e a Lua.

Porém, até hoje, não foi possível afirmar de forma conclusiva quem foram os autores dos sinais e quais seriam as motivações do monumento ter sido produzido. Pesquisadores ligados ao ramo da arqueologia, como Dennis Mota e Vanderley de Brito, defendem que as inscrições teriam sido feitas por comunidades indígenas que habitavam a região, teriam sido usados cinzéis de pedra para esculpir os sinais na rocha, há cerca de 6.000 anos.

Já estiveram presentes no local arqueólogos da Universidade de Lyon, na França, que juntamente com professores e bolsistas da Universidade Federal de Pernambuco e do Departamento de Física da Universidade Federal da Paraíba, tiraram um molde negativo das inscrições em 1996.

Porém, uma datação em Carbono 14, que poderia detectar a idade das inscrições, é inviável, pois o conjunto de rochas fica no leito do Rio Bacamarte, o qual, em tempos de enchentes, cobre todo o conjunto rupestre revolvendo a terra e friccionando as camadas superficiais das rochas.

Costuma-se associar as imagens das inscrições rupestres da Pedra do Ingá apenas ao paredão vertical. Porém todo o terreno rochoso possui inscrições das mais diversas formas, onde foram empregadas variadas técnicas de gravura em pedra. As diferentes partes foram denominadas de painéis pelos professores Thomas Bruno Oliveira e Vanderley de Brito para fins de pesquisa e referências acadêmicas. Sendo elas:

- Painel Vertical - É o mais conhecido e estudado do conjunto, da área de 46 metros de extensão por 3,8 de altura da rocha, 15 metros de extensão por 2,3 de altura estão quase completamente tomados por inscrições. A maioria delas está abaixo de uma linha horizontal, ligeiramente ondulada de 112 incisões capsulares. Essas inscrições são bastante caprichadas, apresentando sulcos largos (chegando até 5 cm), relativamente profundos (atingindo até 8 mm) e bem polidos.

- Painel Inferior - Está sobre o piso do lajedo em frente ao painel vertical. Cobre uma área de 2,5 m² com várias inscrições arredondadas das quais saem riscos, lembrando estrelas. Os professores acima citados e o pesquisador Dennis Mota, propõem que ali estaria representada a constelação de Órion ou as Plêiades, pois, são as constelações que podem ser vistas ao se olhar para o céu noturno estando naquela localização.

- Painel Superior - Localiza-se acima do Painel Vertical, no topo da rocha, há 3,8 metros de altura. É composto por sinais dispersos de menos profundidade e largura e também feitas com menos esmero do que os que estão logo abaixo. O inscrição que mais chama a atenção nesse painel, um grande círculo em forma de espiral, atravessado por uma inscrição em forma de seta que aponta para o poente.

Há também as chamadas Inscrições Marginais, que estão dispersas pela área do conjunto rochoso e são de aparência mais rústica se comparadas às outras inscrições. Muitas delas, são apenas raspadas na superfície da rocha.

A razão pela qual essas inscrições se diferenciam das demais por sua simplicidade é mais um dilema entre os pesquisadores. Vanderley de Brito propõe que poderiam ser sido produzidas por culturas anteriores a que produziu as inscrições principais. Dennis Mota, já tem outra explicação: a de que as inscrições marginais poderiam ter servido de esboço para as inscrições dos painéis, mais elaboradas.